Mato Grosso do Sul
Festival América do Sul exalta tradição do cururu e da viola de cocho em tarde de vivências

Mestre Sebastião Brandão reuniu parceiros e, em gesto simbólico, entregou viola à futuro cururureiro
Cantado ao som da viola-de-cocho, o cururu é uma manifestação popular típica do Pantanal, marcada por versos improvisados que mesclam a religiosidade, o cotidiano pantaneiro e a sabedoria popular. Foi ao som desse ritmo tradicional que curureiros de diferentes gerações se encontraram na tarde deste sábado (17), na Casa da Memória Sebastião Brandão, em Ladário, para a Vivência Curureira, atividade que integra a programação do Festival América do Sul Pantanal 2025.
Durante a tarde, mestres curureiros e aprendizes compartilharam saberes, entoaram cantigas e mantiveram viva a tradição com apresentações de cururu e siriri. O clima foi de encontro e celebração, reforçando o valor da oralidade e da cultura pantaneira como herança coletiva.
Um dos momentos mais simbólicos da vivência foi protagonizado pelo corumbaense Sebastião Brandão, um dos curureiros mais respeitados do Brasill. Ele presenteou o menino José Adriano, de 11 anos, com uma viola, um gesto carregado de significado, que representa a passagem do legado cultural às novas gerações.
A relação de José Adriano com o cururu começou dentro de casa. Desde pequeno, ele acompanha o pai, o curureiro José Cabral, de 78 anos, nas rodas e nas cantorias.
“Ele me viu cantando desde pequeno e começou a me ajudar, sem viola nem nada. Lá em casa, fizemos um vídeo juntos e eu fui ensinando. Agora, quando a gente está no sítio, ele até pede pra eu cantar pra ele dormir. Se eu não canto, ele fica nervoso”, contou o pai, com orgulho.
Ele ainda destaca o impacto do cururu na formação do filho. “Ajuda, tira da rua. A gente faz uma roda, compra um refrigerante, chama os amigos e vai indo. Eles pegam gosto. Eu vou ensinar, para daqui uns anos essa roda ser deles. Minha filha de 8 anos também participa, mas ela, por enquanto, só canta”. José Adriano já expressa esse desejo: “Quero tocar junto com meu pai e também espero que algum amigo da escola queira aprender, para um dia a gente tocar junto”.
Raízes
Nascido e criado em meio à cultura pantaneira, Mestre Sebastião Brandão teve contato desde cedo com as tradições de sua terra. Aprendeu com os mais velhos o valor da memória, da oralidade e da música regional. Mesmo tendo passado um período longe desse ambiente, por conta do trabalho, nunca esqueceu suas origens. Ao retornar para casa, retomou os costumes e passou a se dedicar com firmeza à preservação da cultura local.
Seu principal ofício é a confecção da viola-de-cocho, instrumento típico do Pantanal e símbolo das festas e cantorias da região. Além de produzir o instrumento, Sebastião também se apresenta e ministra palestras em escolas de Corumbá e Ladário, compartilhando com as novas gerações o conhecimento que acumulou ao longo da vida. Seu objetivo é manter viva a tradição e repassá-la aos mais jovens, especialmente aos netos, na esperança de que deem continuidade a esse legado.
Mesmo reconhecendo o interesse da juventude por elementos mais modernos, ele segue firme com sua viola de cocho, valorizando tudo o que aprendeu com os antigos e acreditando na força da cultura popular.
Parte dessa trajetória está reunida na Casa da Memória Mestre Sebastião Brandão, o primeiro museu de Ladário, inaugurado em novembro de 2023. O espaço funciona na própria residência do mestre e abriga objetos, registros e histórias que ajudam a preservar não apenas a vida de Sebastião, mas também a identidade cultural da região.
Bruno Ferreira, neto de Sebastião, também participou da vivência e destacou a importância de continuar o trabalho do avô. Aos 24 anos, ele vem cumprindo a missão que recebeu desde pequeno: manter viva a cultura do Cururu, tradição passada por seu bisavô e avô. Ele conta que cresceu em torno dessa vivência, acompanhando as rodas desde pequeno, e que essa ligação sempre foi muito presente em sua vida. “Hoje entendo que é parte do meu propósito não deixar essa tradição acabar e estimular novas gerações”, pontuou.
A vivência encerrou com cantorias e uma roda de conversa entre os participantes, reafirmando o cururu como uma expressão viva da cultura pantaneira, fortalecida pela união entre mestres e aprendizes e pela esperança de que o som da viola-de-cocho siga ecoando por muitos anos.
O Festival América do Sul acontece até o dia 18 de maio, com uma vasta programação cultural. Confira as atrações aqui: https://mscultural.ms.gov.br/festival/festival-america-do-sul/.
Evelise Couto, Ascom FAS 2025
Fonte: Governo MS
Mato Grosso do Sul
FAS 2025: público se entrega e dança até o último acorde no show de Fiesta Cuetillo, da Bolívia

Com 14 anos de estrada, banda fez sua primeira apresentação no Brasil com a força de quem sabe entreter
A noite de sábado no Palco do Porto terminou em alta voltagem com a apresentação da banda boliviana Fiesta Cuetillo, que encerrou a programação musical do dia com um show eletrizante, cheio de ritmo, presença de palco e conexão com o público. Vindos de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, os músicos trouxeram uma fusão vibrante de funk, soul, hip hop e rock alternativo, e fizeram todo mundo dançar, pular e se surpreender com a potência do espetáculo.
Com 14 anos de estrada, quatro álbuns de estúdio e um histórico de cinco apresentações no Cosquín Rock, maior festival da Argentina, o Fiesta Cuetillo chegou ao Festival América do Sul Pantanal com a energia de uma estreia e a confiança de quem sabe o que está fazendo. ”Viemos com muita energia e temos certeza de que esta não será a última vez. Esta é a primeira de muitas”, declarou o vocalista Salvador Sambiasi, antes de subir ao palco.
Com bases fortes, batidas precisas, baixo agressivo, riffs de guitarra cheios de personalidade e vocais que alternam força e melodia, a banda conquistou rapidamente o público, mesmo entre aqueles que não conheciam o grupo. A sonoridade é dançante, cheia de groove, mas com peso e atitude. É música que pulsa no corpo e nas caixas de som, com composições autorais e solos com “feeling viralmente contagiante”, como definem eles próprios.
Foi o caso do casal Clemilson Lima, técnico de informática, e Marina Lima, autônoma. Eles chegaram ao festival com a intenção de assistir ao show de Alcione, mas resolveram ficar até o fim da noite e não se arrependeram. “O show está muito divertido. Valeu a pena ficar por aqui”, disse Clemilson.
No palco, os músicos interagiam o tempo todo, convidando o público a participar. A cantora Valentina Jordan, voz feminina da banda, também falou sobre a experiência de se apresentar em Corumbá: “Eu já conhecia essa cidade sem o festival. Agora, com o festival, amei. Está linda, está tudo muito organizado e o pessoal foi muito amável com a gente desde o começo. Acompanhei outras atrações, os desfiles de moda, os grafites, os meninos do skate… Tem tanta mostra de talento, juventude. A organização foi muito boa. Amei o festival.”
O show do Fiesta Cuetillo foi um encontro entre culturas vizinhas, uma celebração do poder da música como linguagem universal. Para os integrantes da banda, o momento marcou um novo capítulo. “É a nossa primeira vez no Brasil. Nunca havíamos tocado aqui, só na Argentina. Estar aqui é um sonho, e estamos firmes de que essa é a primeira de muitas”, completou Salvador Sambiasi, visivelmente emocionado após o show.
O encerramento da noite de sábado foi dançante, energético e inesquecível. E, como muitos que estavam ali, o Fiesta Cuetillo também saiu de Corumbá com vontade de voltar.
O Festival América do Sul acontece até o dia 18 de maio, com uma vasta programação cultural. Confira as atrações aqui: https://mscultural.ms.gov.br/festival/festival-america-do-sul/
Daniel Rockenbach, Ascom FAS 2025
Foto: Leandro Benites: Ascom FAS 2025
Fonte: Governo MS
Mato Grosso do Sul
Pavilhão dos Países reforça integração latino-americana no Festival de Inverno de Bonito

Artesãos internacionais e povos originários compartilham saberes, tradições e produtos culturais
Instalado em frente ao Centro de Convenções de Corumbá, o Pavilhão dos Países é um dos espaços mais visitados do Festival América do Sul Pantanal. O local concentra o trabalho de artesãos de diversas regiões do continente, que apresentam peças únicas carregadas de identidade cultural, técnicas tradicionais e matérias-primas características de seus territórios.
Representando o Mato Grosso do Sul, a artesã Josefa Marques Mazarão, de Carapó, participa com a associação de artesãos de seu município. No estande sul-mato-grossense, ela apresenta trabalhos em lã de carneiro, algodão, fibras de taboa e argila. “Trouxemos um pouco de cada coisa: chapéus de taboa, bichinhos do Pantanal em argila e os tecidos com tingimento natural. Represento a associação e participo de várias feiras dentro e fora do Estado. É sempre uma forma de levar o nome de Caarapó e de mostrar o que produzimos no MS”, conta Josefa, que chegou a Corumbá após passar por uma feira em Curitiba.
De La Paz, na Bolívia, a artesã Daniela Villarroel expõe joias e bolsas feitas com couro de lhama, couro bovino e tecidos típicos do altiplano andino, como o aguayo. “É a minha primeira vez no festival e está sendo muito importante. Tive contato com artesãos do Chile, da Argentina, do Equador e do Brasil. É uma troca que enriquece muito nosso trabalho”, afirma. Outra expositora boliviana, Elizabeth Parra, trouxe roupas confeccionadas com linho e tocuyo, além de acessórios com as cores da bandeira e referências à fauna do país, como a tradicional llamita.
Já a chilena Carolina Lainez participa pela segunda vez do evento, trazendo peças de cerâmica decorativa e utilitária, além de artigos em couro produzidos em conjunto com outros artesãos. “O festival permite conhecer outras realidades e criar redes. Isso fortalece o trabalho artesanal e possibilita intercâmbios que ultrapassam fronteiras.”
Do lado argentino, uma das expositoras trouxe peças de joalheria artesanal e destacou a importância do evento como espaço de convivência e aprendizado. “É um intercâmbio cultural muito rico. Já participei em 2023 e estou feliz por retornar.” Além dela, um estande da Argentina também expôs brinquedos e jogos artísticos feitos à mão que encantaram os visitantes.
O artesanato colombiano também está presente com esculturas e personagens ligados à espiritualidade e às forças da natureza andina, como duendes, fadas e magos, todos produzidos manualmente com pedrinhas naturais. “É uma maneira de homenagear e respeitar nossa relação com a natureza”, afirmou o artesão Jefferson Morales.
Outras atrações ligadas à cultura sul-americana podem ser conferidas dentro do Centro de Convenções. É o caso dos representantes dos povos originários, que compartilham saberes ancestrais, técnicas de artesanato, histórias e perspectivas de mundo que ajudam a construir a diversidade cultural do continente.
O Festival América do Sul acontece até o dia 18 de maio, com uma vasta programação cultural. Confira as atrações aqui: https://mscultural.ms.gov.br/festival/festival-america-do-sul/.
Evelise Couto , Ascom FAS 2025
Fonte: Governo MS
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