Agronegócios
Preocupações com oferta impulsionam preços do café

Os preços do café arábica atingiram um marco histórico nesta semana, segundo dados divulgados pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e outras fontes do setor. A cotação do grão alcançou US$ 3,489 por libra-peso na ICE (Intercontinental Exchange), registrando o maior valor em cinco décadas. O aumento reflete uma combinação de fatores, incluindo a forte demanda global e preocupações com a oferta brasileira, prejudicada pela severa seca que marcou 2024.
O Brasil, maior produtor e exportador mundial de café, colheu 54,21 milhões de sacas de 60 kg no ano-cafeeiro de 2024, um ligeiro recuo de 1,6% em relação à safra anterior, que foi de 55,07 milhões de sacas, conforme levantamento do Observatório do Café. As condições climáticas adversas afetaram a vitalidade das plantas, reduzindo a produtividade e pressionando os preços no mercado internacional. Apesar de chuvas tardias no fim do ano, a expectativa para a safra de 2025 ainda é de volumes abaixo da média histórica.
No mercado interno, o café arábica Tipo 6 apresentou elevação expressiva nos principais polos produtores. Em Guaxupé (MG), a saca foi negociada a R$ 2.323,00, um aumento de 1,75%. Em Campos Gerais (MG), o preço chegou a R$ 2.360,00 por saca, alta de 1,72%. Já o Cereja Descascado registrou valorização de 1,68%, alcançando R$ 2.420,00/saca na mesma região. O robusta também apresentou alta significativa, impulsionado pela demanda doméstica e externa.
No mercado global, o robusta foi negociado a US$ 5.534 por tonelada no contrato de janeiro de 2025, registrando ganhos robustos em relação aos meses anteriores. A redução nos estoques certificados de arábica na ICE também contribuiu para o avanço das cotações, refletindo um mercado que segue apertado em termos de oferta.
A comercialização da safra 2024/25 no Brasil já alcançou 85%, conforme levantamento da consultoria Safras & Mercado. Esse percentual representa um avanço considerável em relação aos 74% registrados no mesmo período do ano anterior e supera a média de 77% dos últimos cinco anos. O café robusta foi destaque, com 91% da safra já vendida, impulsionado pela alta procura da indústria doméstica.
O cenário reforça o papel estratégico do Brasil no mercado cafeeiro global, mesmo diante de desafios climáticos e logísticos. Para o setor, o foco continua sendo a busca por maior eficiência produtiva, investimentos em tecnologia e políticas públicas que assegurem competitividade e sustentabilidade para os produtores nacionais. Enquanto isso, a volatilidade no mercado internacional deve manter os preços aquecidos nos próximos meses.
Fonte: Pensar Agro
Agronegócios
Carne de frango bate recorde em janeiro: 443 mil toneladas

Agronegócios
Trump cumpre a promessa, taxa aço e alumínio, e acende o alerta no agronegócio

O anúncio da aplicação de uma sobretaxa de 25% sobre as importações de aço e alumínio pelos Estados Unidos gerou preocupações entre os exportadores, porque seus reflexos podem ir além do setor industrial, afetando também o agronegócio.
A decisão dos Estados Unidos de sobretaxar o aço e o alumínio pode parecer, à primeira vista, uma questão isolada da indústria siderúrgica. No entanto, seus efeitos podem se espalhar por diferentes setores da economia, incluindo o agronegócio, que depende de insumos e equipamentos derivados dessas matérias-primas.
Em 2024, as exportações do agronegócio dos Estados Unidos alcançaram US$ 164,4 bilhões. Os principais produtos exportados pelo agronegócio dos Estados Unidos em 2024 foram: Soja: US$ 53,9 bilhões, representando 32,8% do total exportado; Carnes: US$ 26,2 bilhões, 15,9% do total; Sucro-alcooleiro: US$ 19,7 bilhões, 12% do total exportado; Produtos florestais: US$ 17,3 bilhões, 10,5% do total; Café: US$ 12,3 bilhões, 7,5% do total exportado e Cereais, farinhas e preparações: US$ 10 bilhões, representando 6,1% do total exportado., segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). A medida protecionista adotada pelo governo dos EUA levanta questionamentos sobre suas implicações para a competitividade do país e a relação comercial entre os dois mercados.
Embora a taxação a princípio se aplique diretamente ao aço e ao alumínio, os efeitos dessa política podem se espalhar para outras áreas da economia. Isso porque a cadeia produtiva agrícola brasileira depende significativamente de insumos e equipamentos que utilizam essas matérias-primas, como máquinas, silos, armazéns, estruturas metálicas para estufas e implementos agrícolas. Com o encarecimento do aço e do alumínio no mercado internacional, esses produtos podem sofrer aumento nos custos de produção, impactando diretamente o produtor rural.
Além disso, a possibilidade de retaliação comercial por parte do Brasil pode levar a uma escalada de restrições tarifárias em outros setores. O governo brasileiro já sinalizou que poderá aplicar o princípio da reciprocidade, taxando produtos importados dos EUA, o que poderia afetar insumos agrícolas como fertilizantes, defensivos químicos e até produtos tecnológicos utilizados no campo.
Possíveis cenários para o agronegócio
- Aumento nos custos de produção: O encarecimento do aço e do alumínio pode refletir no preço de máquinas e equipamentos agrícolas, impactando diretamente o custo operacional do produtor rural brasileiro.
- Risco de retaliação e impactos no comércio bilateral: O Brasil exporta grandes volumes de carne bovina, soja, café e outras commodities para os Estados Unidos. Caso o governo brasileiro opte por uma resposta tarifária a setores estratégicos norte-americanos, há o risco de que o agronegócio acabe sendo envolvido em uma disputa comercial mais ampla.
- Busca por alternativas e diversificação de mercados: Diante da medida, o Brasil pode fortalecer relações comerciais com outros mercados consumidores de aço e alumínio, além de intensificar negociações no agronegócio com parceiros estratégicos como China, União Europeia e Oriente Médio.
PREOCUPAÇÃO – Isan Rezende (foto), presidente do Instituto do Agronegócio (IA), comentou que os produtores rurais estão preocupados com a taxação do aço e do alumínio, porque, apesar de não atingir o setor diretamente, pode afetar a balança comercial entre os dois países.
“É preocupante que a taxação sobre o aço e o alumínio pelos Estados Unidos possa ser apenas o início de uma escalada de medidas protecionistas que afetem diretamente o Brasil e seu setor produtivo. O agronegócio brasileiro, que já depende de uma série de insumos e equipamentos importados, pode enfrentar custos elevados devido ao aumento no preço dessas matérias-primas. Máquinas, silos e implementos agrícolas são exemplos claros de produtos que podem se tornar mais caros, impactando a competitividade do setor.”
“Além disso, o Brasil é um dos maiores fornecedores de commodities para os Estados Unidos, as exportações do agro corresponderam a 48,8% do comercializado pelo Brasil para os EUA. Se o governo brasileiro optar por retaliar essa medida com tarifas sobre produtos norte-americanos, corremos o risco de ver uma disputa comercial se intensificar. Produtos agrícolas como soja, carne bovina e café, que são exportados em grandes volumes para os EUA, podem ser prejudicados, afetando toda a cadeia do agronegócio”, disse Rezende.
“Estamos diante de um cenário complexo, onde o agronegócio, que já enfrenta desafios internos e externos, pode ser ainda mais afetado por decisões políticas de outros países. A diversificação de mercados e a busca por novas parcerias comerciais são essenciais para garantir a competitividade do setor. O Instituto do Agronegócio está atento e continuará acompanhando essas questões de perto, sempre buscando defender os interesses do produtor rural brasileiro”, frisou Isan.
Também preocupado com a situação o governo brasileiro, por meio do Itamaraty, adotou um discurso pragmático, buscando uma resposta equilibrada que evite uma crise comercial, mas sem deixar de lado a possibilidade de retaliação. Uma lista de setores sujeitos a represálias começou a ser elaborada, incluindo o setor de produtos digitais, as chamadas “big techs”, formado por grandes empresas que exercem domínio no mercado de tecnologia e inovação, como a Apple, o Google, a Amazon, a Microsoft e a Meta.
O produtor rural brasileiro precisa estar atento às movimentações do mercado e às estratégias do governo para minimizar possíveis impactos negativos. A diversificação de mercados e a busca por novas oportunidades comerciais são caminhos que podem ajudar a mitigar riscos e garantir a competitividade do setor no cenário global.
Fonte: Pensar Agro
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